Ricardo Reis
Ricardo Reis, heterónimo de Fernando Pessoa, é o poeta clássico, da serenidade epicurista, que aceita, com calma lucidez, a relatividade e a fugacidade de todas as coisas. Por esse motivo procurámos fazer uma composição que remetesse para a memória: criámos uma moldura utilizando simples caracteres. Relativamente ao tipo de letras, usamos o tal tal, uma letra mais clássica, califráfica, que se associa ao passado. Usámos a capitular no incio do verso, à semelhança dos livros antigos. Depois, há palavras que caracterizámos individualmente, por exemplo: “flores” acrescentámos elementos gráficos como a linha, simbolizando as pétalas; “triste” substituimos a letras –e por uma virgula que representa uma lágrima; na palavra “regaço” realçámos o significado da palavra, unindo a letras –c e –o com uma linha curva. Por ultimo, utilizamos as 24 linhas de texto obrigatórias no preenchimento da moldura.
Alberto Caeiro
Alberto Caeiro apresenta-se como um “simples guardador de rebanhos”, desejando integrar-se com a natureza. É o poeta da Natureza, que está de acordo com ela e a vê na sua constante renovação. Ele escreve este poema criticando as “almas”, os Homens, que intervêm na natureza, mais bonita, mais “verde e florida” do que qualquer obra feita pelo Homem.
No nosso trabalho de tipografia, realçamos a palavra “desenham” uma vez que representa a acção do Homem criticada no poema: os Homem planeiam tudo, põe “tudo em ordem” e “desenham paralelos de latitude e longitude”. Para realçar esta mesma ideia traçámos várias linhas, algumas delas lembra-nos prédios. Eles representam a cidade – o ponto máximo de planeamento do Homem.
Por outro lado, a frase “sobre a própria terra inocente e mais verde e florida do que isso” está afastada das outras, afastada da confusão, da cidade e dos planos dos Homens. Está em paz, sozinha, debaixo da terra e no meio da natureza. Existe uma linha que separa esses dois lugares, mas é apenas no segundo que reside a verdadeira beleza.
Usámos o tipo de letras Edwaedian Script ITC, uma letra caligrafada, elegante, simples e delicada. Demonstra fluidez e passividade.
Álvaro de Campos
Neste projecto optámos por uma representação diferente, em vez de pensarmos como um todo decidimos dar ênfase a cada palavra ou a cada significado diferente.
Primeiro que tudo, usámos as figuras do comboio, engrenagens e rodas uma vez que simboliza a essência do poema e do poeta: o movimento e os maquinismos.
A frase “forte espasmo retido dos maquinismos em fúria” desliza pelas rodas enquanto o comboio anda, simbolizando o movimento. A palavra “retido” está entre as rodas, não consegue passar, está “retida “ portanto. A palavra “fúria” está em caps lock, como se fosse um grito, uma chamada de atenção.
Quanto às rodas e engrenagens, a letras –o é representada por duas rodas sobreexpostas, mais uma vez para associar à ideia de maquinismos. A onomatopeia “rrrrrrr” é representada por letras que vão aumentando de tamanho e que se seguem da palavra “eterno”, isto quer dizer que o barulho vais crescendo e nunca mais acaba.
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